pantera negra - olho de diamante

sábado

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Fonte


Silêncio,
eis a tarefa
de todos os gatos.
Poucos sabem perscrutar
(talvez ninguém em plenitude)
o grau de solidão necessária
ao saber auto suficiente
para ser felino e doméstico
em sua tarefa de monge
guardião do inextricável
em quem o homem não percebe
a metafísica natural,
recolhimento
saber
sensualidade
e aceitação.

(Artur da Távola)








Fonte



Para quem, nos felinos, aprecia,
a beleza, o carisma, o fino trato,
um simples gato pode ser poesia...


1
Chegando devagarinho,
o gato leva o silêncio
ao canto do passarinho.

2
O amor indiscreto
dos gatos de rua
ofende a pureza da lua?
3
Na mesa posta,
o gato se lambe
porque se gosta.
4
Um pulo de gato,
gracioso e exato,
qual verso no ar...

5
Tapeando a rosa,
o gato antegoza
ciúmes do beija-flor...

6
O rabo do gato no muro
descreve uma interrogação
que insulta o cachorro no chão.
7
No rastro do rato,
o gato, sem bulha,
mergulha no mato.
8
Os olhos do gato preto,
repiscam no negrume,
namorando o vagalume.

9
Gato gaiato,
bola de pelo,
rola o novelo.

10
A gata dengosa no cio,
olhando o telhado vazio,
parece gemer sete vidas.


11
Resta vaga magia
quando o gato afia
as unhas no tapete.
12
A tarde se fica,
enquanto o gato
dorme na bica.

13
Na poça de rua,
um gato bebendo
o brilho da lua.

14
Do gato, restou o ronronado;
mas do canário, coitado,
apenas as penas.
15
No contrazul da janela,
qual nuvem no contravento,
gato branco passa lento...
16
Um gato vadio
miando no frio:
assim me sinto.


17
Olhar de gato,
mesmo com sono,
ainda decifra o dono.

18
Na rua antiga, cena de aquarela,
em cores triviais de tarde morna;
a madorna dum gato na janela.
19
O olhar da gata persa
conta uma estória inversa
das mil e uma noites.
20
Um gato pardo de andar
esguio e desafio
no olhar de esfinge.


21
Por causa dum gato,
sem dono nem sono,
perdi meu sapato.

(Bartolomeu Correia de Melo)
posted by PanTeRA neGrA* at 4/15/2006

1 Comments:

Minha Senhora-dona
deste bom pedaço:

Foi uma grata surpresa encontrar neste sítio ums felinos versinhos de minha autoria, dentre quantos outros textos de bom gosto e ótima qualidade literária.
Muito honrado e obrigado:

Bartolomeu Correia de Melo
(bartolomelo@digizap.com.br)

11 abril, 2008  

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